segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A porta fechada (2011)




















Mais uma vez encontro a porta fechada
Mais uma vez minhas ilusões são podadas
Outro caminho que não deu em nada
Sonhos, esperanças enganadas

Volto pra casa, calada
Me tranco num mundo particular
Recolho as idéias jogadas
Tento desesperadamente me reorganizar

Num mundo de cartas marcadas
Depositei minha quimera
Mas as portas estavam fechadas
Ainda não seria minha primavera

Recolhida em meus pensamentos
Tento acreditar em mim
Turbilhão de sentimentos
Angústias sem fim

Desejo voltar no tempo
Reconstruir minha existência
Escolher melhor o momento
Andar com mais paciência

Mas o caminho já foi traçado
É tarde para mudar
Se não posso ter o almejado
Aceito o que ganhar

Quem sabe a porta fechada
Seja um aviso do destino
Não siga por esta estrada!
Não cometa esse desatino!

Incrivelmente a esperança renasce
Sempre ao raiar do dia
Não há dor que não passe
Não há lágrima que não dê lugar à alegria

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Roupas no varal (2011)




















Vidas estendidas
Balançam ao sabor do vento
Espalham pensamentos
Coloridas ou em preto e branco
Revelam modos e manias
Evidenciam a vida
Estão sempre lá
Onde quer que você vá
De bairro em bairro
De cidade em cidade
De país em país
Aproximam as pessoas
Diferentes em estilos
Iguais em rituais
Quantos corpos já abraçaram?
Quantos sonhos já vestiram?
Quantos lugares já visitaram?
Nova ou velha
São marcas de momentos
Singelas roupas no varal
São mais do que se vê superficialmente
São atrativos de uma cidade
Revelam um itinerário excêntrico de roupas penduradas
São fantasmas esvoaçantes
De humanos ausentes
Dia e noite
Tremulam as roupas
Ao sabor do vento
São como lenços agitados
Na esperança de um novo recomeço

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pesadelo (2000)




Hoje não vejo cores vibrantes
Vejo o escuro, o vazio, o silêncio
O preto impactante que choca os olhos
Hoje tive um sonho angustiante
Revi várias pessoas queridas
Eu percorria os andares de um prédio
Procurando algo que não conseguia saber
Não sabia ou não lembrava
Não sabia ou não lembrava
Era um infindável sobe e desce de escadas
Minha paixão estava comigo
Mas ainda assim eu temia
Então quebrei dois espelhos no sonho
Duplo azar...
Tristezas futuras...
Foi difícil acordar
A realidade foi tomando forma
Às vezes é melhor estar dormindo
No mundo dos sonhos tudo pode, mas nada é
Lá os medos ainda são reais
Porém não há eternidade
Hoje não vejo as cores alegres da vida
que animam meu espírito
Hoje quero apenas teu olhar no meu olhar
Eu sei, isso tudo vai passar